sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sociologia : Anjo das Ondas

Livroterapia : Os trechos que irão ler a seguir, tratam-se de um livro chamado o Anjo das Ondas de João Gilberto Noll . Segundo um cometário do autor Marcelino Freire , Noll pode ser definido como : " Noll sempre dá um tempo . Para, pensa. Vai longe e dentro . No centro do som . Noll é música . Dá o tom . Bucólico e melancólico . Presente e Passado " .  A história se passa ora em Londres , ora no Brasil , um período transitório na vida de Gustavo onde ele volta à "velha" infância e a "nova" juventude .   - Larissa Freitas.
  

Tinha o mesmo sinal do pai na face. Aos pingos de suor o guri dava cambalhotas e sorria para tudo e para nada.Uma bem-aventurança lhe aflorava aos lábios e ele não esboçava nenhuma intenção de dissolvê-la.
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Sentia-se um pouco a dançar conforme a sempre-viva trilha de seus dias - que poderia ir dos Beatles ao Nirvana, passando pela banda goiana As Carpas. Experimentava até vertigens na escuta interior desses heróis musicais.
Os estribilhos os mais variados se repetiam, já inseridos em sua pulsação. Assim ele adiava por mais alguns segundos o ar da conveniência familiar e colegial . 
Antes de sair de sua esfera encantada costumava se mirar ao espelho para verificar se estava tudo bem, dentro da ordem inalterável das 24 horas.    (pág.13)

... )

Sentei num balanço, querendo com certeza reinstalar a criança em mim. Minha mãe veio por trás . Maquinalmente, começou a me empurrar na altura dos rins , a me empurrar cada vez mais alto , a ponto de eu me perguntar , em meio à vertigem , se ela não passava por algum esgotamento nervoso . Pedi aos berros que parasse de empurrar . Ela parou com a expressão de que não entendera a ordem do filhos. Aguardei que o balanço cessasse todo o movimento .  (pág.52)

... )

Nesse ponto da comédia , eu chegava da Europa , ciente de que teria de fazer a minha história se confluir com a dele , a de um homem quarentão , sem nenhum caso com alguma mulher depois de minha mãe .Nos abraçamos . Ele me me beijou no lado esquerdo . Nos afastamos um pouco , para avaliar o outro depois de tanto tempo. Ele repetiu o abraço , ao se lembrar do meu aniversário . 
Eu era um filho aos olhos do pai . Adivinhava que se mostrava assim solto por ser um dia em que eu era novidade . Ele disse que eu tinha crescido muito , que já era um homem . Essas coisas que dizem os adultos diante de um adolescente . (pág.67) 

Um comentário:

  1. O livro Anjo das Ondas chama a atenção de adultos, pois, retrata a história de pessoas que saíram do local de sua “velha” infância e passam a viver no local de sua “nova” juventude (o maior exemplo disso são pessoas que saíram dos interiores do estado e passam a morar na capital, abandonando todo o vínculo que ali habita entre a antiga vida e a nova vida), mas, não apenas a atenção destes como também os de jovens que como eu , foram atraídos não pela mudança de locais mas sim, a diferença que existe entre o conforto do pai e da mãe . No meu caso, lembro-me bem da minha infância ao ver a face de meu pai, que costumava levar-me aos parques e bosques para brincar entre as arvores e ao olhar nos olhos de minha mãe vejo-me adulta, vendo-a, passo a recordar de todas as livrarias e editoras em que ela trabalhou e o cantinho do escritório onde costumava levar-me nas tardes de sábado para ali continuar minha rotina de leitura.
    O que se concluí é o quão fascinante pode ser o que conseguimos ver ao decorrer do livro de como o “pequeno e grande” Gustavo caracteriza-se com a história de muitos brasileiros que talvez, seja isso o que João Gilberto Noll queira passar nas misteriosas entrelinhas de suas fabulosas palavras: a análise psicológica do ser humano e suas origens .

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